Campanha #5

Os 300 metros

Muito já se disse acerca dos 300 metros, da sua (i)legalidade ou não. Ainda não abriram as urnas, mas paira alguma incerteza sobre tal questão.

Pensamos que o problema é bem maior do que apenas 300 metros, pois talvez seja mesmo de milhares de metros. Sim, em condições normais não estaríamos a discutir nem um, muito menos 300 metros. Estamos em outras palavras a dizer que essa discussão devia envergonhar-nos enquanto sociedade.

A questão que nos devemos fazer é por que razão se estipulou essa distância? Sob que pretextos aparentemente se apela para permanência nos locais após votação? Qual é a necessidade dessa distância? Precisamos dela? Talvez sim, talvez não.

Todo este alarido nada mais representa senão um verdadeiro ‘cartão vermelho’ sobre a nossa (in)capacidade enquanto nação de criar consensos por intermédio das eleições. Sim, devíamos ter vergonha de discutir esses 300 metros, caso existisse confiança e clareza sobre quem possui a responsabilidade e competência de gerir o processo, pois sabemos que trata-se apenas uma convecção que o país decidiu seguir.

Não cabe em nós que toda uma sociedade se veja a debater se tais metros são ou não legais, quando deviam existir entidades que velassem pela incerteza eleitoral ao processo. Ademais, nos parece que o debate devia ser mais largo do que se apresenta, sobretudo no questionamento das motivações que fazem com que eleitoras e eleitores se vejam na necessidade de ‘controlar o voto’.

Repetimos, tudo isto devia nos envergonhar enquanto cidadãos votantes (ou não), a polícia e a própria CNE/STAE. O debate sobre os 300 metros é, em outras palavras, uma nódoa sobre a qualidade das eleições que ainda procuramos fazer. Como vedes, o caminho continua sinuoso.