A presença dos meios de comunicação digitais assumiu um domínio na vida contemporânea de forma quotidiana. Tal é ainda desconcertante quando percebemos que os meios digitais, como a Internet, só existem há pouco mais de três décadas. Aliás, não será exagero afirmar que as redes sociais da Internet deram início à maior revolução dos meios de comunicação social desde a invenção da imprensa escrita, razão pela qual estando muito consciente da omnipresença dos meios virtuais, a classe política como um todo tem procurado usar tais ferramentas em grande escala.

Que seja admitido, hoje em dia, a Internet prevalece como um meio de comunicação e informação proeminente para os cidadãos. Em vez de ver televisão ou ler jornais, é crescente que pessoas se tornam politicamente informadas através de websites, blogs e serviços de comunicação social digitais, na sua maioria criadas pelas próprios políticos. Dada esta realidade, nos meios de transmissão de notícias, os políticos alteraram as suas tácticas de comunicação com a sociedade. As plataformas digitais tais como Twitter, Facebook e Instagram, tornaram-se uma pedra angular dos seus perfis públicos com vista a transmitir as suas actividades e opiniões sobre questões sociais importantes.

O crescimento das comunidades virtuais em plataformas das redes sociais da Internet criou um público receptivo durante a realização de campanhas políticas. Aliás, os partidos e actores políticos adaptaram-se ao novo ambiente digital, e para além de novos métodos de campanha, criaram microblogs através dos quais podem informar os cidadãos das suas opiniões e actividades. Esta nova forma de interactividade política transforma a comunicação política. Por fim, entenda-se que a digitalização dos meios de comunicação revolucionou a forma como as pessoas observam e reagem aos desenvolvimentos sociais e políticos no seu meio envolvente.

O Presidente Nyusi não tem uma conta no Twitter, usando apenas uma conta verificada no Facebook [https://web.facebook.com/NyusiConfioemti]. Partindo de tal constatação, nos parece no mínimo estranho que o Chefe de Estado se tenha mantido em silêncio (até ao momento) face sucedido no Brasil, ao menos se avaliarmos a sua página virtual. De facto, em sua página do Facebook, a última publicação data do dia 4 de Janeiro (20:31), para prestar condolências pela morte do Papa Bento XVI – num acontecimento que teve lugar no dia 31 de Dezembro. Ou seja, o Presidente reagiu 4 dias depois.

De volta ao Brasil, o seu homólogo de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, ligou no mesmo dia que sucederam os ataques (8 de Janeiro), cuja nota da conversa foi publicada no domingo na página virtual da Presidência daquele país. De igual forma, Angola, por via do seu Presidente, João Lourenço, na noite de domingo emitiu o seu juízo, este que agiu ainda na qualidade de Presidente ‘pro tempore’ da CPLP. Idem quando nos referimos aos Presidentes de Cabo Verde e Guiné-Bissau, José Maria Neves e Umaro Sissoco Embaló, que reagiam nas suas respectivas páginas do Facebook e Twitter.

Ora, se admitirmos que nas redes sociais da Internet do Presidente da República nada temos até data e hora actuais, mas suspeitando que provavelmente algum tipo de comunicação já tenha sido feito por meio de canais institucionais, não deixa de ser estranho que nada possa ser encontrado no portal do Governo [https://www.portaldogoverno.gov.mz]. Aliás, o acesso para tal portal tem estado a dar erro de acesso de forma constante.

Que seja destacado, o nosso comentário é nada mais que um reparo para um ‘acordar urgente’ que se espera dos políticos que governam o país, no que ao uso das ferramentas digitais diz respeito. Não existe suficiente justificativa para este aparente atraso digital na forma como se faz política em Moçambique. E mais, é no mínimo surreal que na era actual um Presidente da República e toda a sua comunicação estejam a agir de tal forma, sobretudo quando o assunto em destaque é doméstico. Sim, de um país distante, mas tão próximo de Moçambique.

*Até ao momento que se publica este texto (Facebook, 09:10, terça-feira, 10 de Janeiro de 2023*) nada pode ser encontrado na página oficial do Presidente da República: https://web.facebook.com/NyusiConfioemti ou https://www.portaldogoverno.gov.mz.