Redes-Sociais

A favor ou contra? Como nos posicionamos nas redes sociais?

O debate público, no mundo digital, é uma das coisas mais lindas que o surgimento da Web nos proporcionou. Antes dela, as ideias vinham exclusivamente das “autoridades” e dos “formadores de opinião”, sempre publicadas pelos grandes veículos de comunicação.

Cabia ao cidadão comum apenas comentar os assuntos em casa ou no trabalho, num círculo social bem restrito. Agora, qualquer um, em qualquer parte do mundo, pode expressar o que pensa.

1. Ter opinião

Será que precisamos ter opinião sobre tudo? E se tivermos, é obrigatório torná-la pública? A impressão é que, quem não opina, se sente excluído do mundo digital. Então, pra se tornar visível, precisa se posicionar rapidamente (de preferência sendo o primeiro).


2. Sabe tudo

Durante um jogo de futebol, todo mundo vira técnico. Essa mesma postura é vista a cada debate nas redes sociais. De uma hora pra outra todo mundo vira especialista num determinado assunto. Será que lemos o suficiente para ter opinião formada, por exemplo, sobre o voto distrital misto? Ou sobre o que teria provocado a queda de um avião? Não seria interessante buscar pontos de vista diferentes antes de se achar o dono da verdade?

3. Chancela

Muitas vezes compartilhamos o artigo de algum “formador de opinião”, ou uma notícia, como se fosse a nossa própria opinião. É mais rápido, prático e ainda agrega valor. É como dizer: “esse troféu me representa”. Não há esforço para desenvolver a ideia. Fora o risco de replicar opiniões falsas.

4. 8 ou 80

É raríssimo encontrar um meio termo nos debates. O alguém é contra ou a favor de um tema. Será que não existem outras alternativas? Antigamente era tudo assim, polarizado. Mas, com o surgimento da internet, a liberdade de ideias e escolhas se tornou infinita. Por incrível que pareça, hoje em dia, essa variedade não quase é vista nos debates.

5. Patrulha ideológica

Expressar uma ideia, na rede, é assumir o risco de ser atacado sem piedade. Muita gente deixou de ter vergonha e parte para cima quando a ideia do outro incomoda. É um posicionamento pela agressão. Esse radicalismo chega ao ponto de “amigos” se excluírem das redes sociais dizendo: “Não acredito na besteira que fulano escreveu! Block nele!”.
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Talvez seja a hora de buscarmos debates mais ricos e colaborativos. A tendência é o número de vozes aumentar no embalo do crescimento da internet. Mas, se o bate-boca for vazio, pode acabar afastando as pessoas do mundo digital.

NOTA: Adaptação a ideia original de Rafael Coimbra, brasileiro, jornalista, pós-graduado em Análise de Conjuntura Política e Econômica pela UFRJ.