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8 de Novembro de 2016, o dia em que as sondagens perderam e Donald Trump ganhou!

As eleições nos Estados Unidos da América caracterizam sempre um momento de grande entusiasmo e atenção dos mais diferentes extractos sociais, políticos e económicos. Contudo, o que sucedeu no dia 8 de Novembro é mais do que uma eleição, é revirar do pensamento sobre o que era considerado politicamente correcto.

O maior vencedor destas eleições é sem dúvidas Donald Trump, um homem sem experiência de um cargo político, que nunca serviu no exército, sem fama discursiva, imprevisível, indisciplinado e sem nenhum tentáculo com o poder estabelecido e acomodado, porém, empresário e elitista.

O maior derrotado destas eleições são todos os órgãos de media que desde a primeira hora combateram Donald Trump através de sondagens que davam como certo a eleição de Hillary Clinton, mas que foram ”obrigados” a mudar os seus editoriais e as capas na madrugada do dia 9 de Novembro.

Perdeu Hillary Clinton, uma candidata apoiada por quase todo o establishment, pelo presidente Barack Obama, pela máquina partidária com mais dinheiro desta campanha, pelo poder financeiro, pelo poder mediático, pelo poder universitário, pelo poder de Hollywood. A história da primeira mulher presidente nunca foi de todo consensual, porque Clinton era sobretudo a herdeira do sistema, com falhas que marcaram o exercício dos seus cargos como na política americana, entre casos de corrupção, e-mails mal geridos, escândalos sexuais do seu marido e a forma pouca transparente como foi eleita candidata do partido Democrata em detrimento de Bernie Sanders.

Perdeu Barack Obama, que depois de prometer unidade e consenso, optou por uma presidência divisiva e autoritária, abusando das “ordens executivas” para impor a sua vontade, o que agora coloca a maior parte do seu património governativo à mercê de reversões simples. Agora, terá de entregar as chaves da Casa Branca a um homem que sempre fez questão de desprezar.

Perdeu a estratégia dos democratas de manipular as minorias étnicas, sobretudo os latinos, para fazer com elas um bloco eleitoral definido pelas identidades, e não pelas opções e valores. Trump foi eleito com o voto dos homens (53% contra 41% que votaram Clinton), o voto dos mais velhos (53% dos eleitores com mais de 45 anos votaram nele), o voto dos brancos (58%), o voto dos que não concluíram um curso universitário (51% a 52% entre os que apenas têm a educação básica e secundária ou apenas frequentaram um curso superior), o voto dos que ganham mais de 50 mil dólares por ano (49%), o voto dos independentes (48% contra 42% para Hillary), o voto dos eleitores casados (53%).

Trump representa uma forma de fazer política pouco usual no seio do establishement, ele representa a maior ruptura sobre os dogmas de que a experiência em cargos políticos é uma condição sine qua non para se eleger Presidente nos EUA ou em qualquer parte do mundo.

Esta eleição nos revela que a política já é não é a mesma que de forma ocidental foi concebida par guiar as Democracias, surge uma nova vaga que combina o populismo, a frontalidade discursiva e a demagogia para cativar o eleitorado.

Como será o governo de Donald Trump? Ninguém sabe, porque ninguém o esperava. Como se irá dar com uma maioria republicana no Congresso que não acreditou demasiado nele? Vai mesmo construir o muro com o México, banir a imigração muçulmana, rasgar os tratados de comércio e o acordo com o Irão, abraçar Putin e menosprezar a NATO? Quererá mesmo continuar a ser na presidência o braço e a voz de uma suposta insurreição popular contra o “sistema”? Tentará inspirar os movimentos populistas e nacionalistas da Europa? Vai cortar os apoios para o continente Africano? Tudo isso serviu para criar à volta dele uma aura de apocalipse, de fim do mundo, mas que só será decepado no dia 20 de Janeiro de 2017 com a sua investidura.