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129 anos da Cidade de Maputo!

No presente ano a Cidade de Maputo, capital do país, celebra 129 anos após a elevação da categoria de vila à cidade. Foi em 1782 que esta cidade surgiu com a designação de Lourenço Marques, tendo permanecido com a mesma designação até 3 de Março de 1976, data em que, sob liderança do então presidente Samora Machel, passou a chamar-se CIDADE DE MAPUTO.

De lá (1976) para cá esta cidade sofreu várias transformações. Logo após a independência houve uma grande destruição de quase 50% desta cidade, devido a guerra civil que só veio a cessar em 1992. Daí seguiu-se a fase de reconstrução e melhoria de infra-estruturas, saneamento urbano, etc, até que o Município decidiu adoptar o seguinte slogan: “Maputo, uma cidade próspera, bela, limpa, segura e solidária.”

TENTEMOS ENQUADRAR ESTE SLOGAN AO CONTEXTO ACTUAL DA CIDADE

Cidade Próspera
Muito próspera que até parece o resumo de todo Moçambique num só lugar, capaz de cometer crimes ambientais com consentimento das entidades competentes. Muito próspera que insiste na destruição de mangais para dar lugar a construções de “elite” na costa sem tomar em consideração os seus impactos ambientais. É como se não houvesse nenhum outro lugar em todo Moçambique ou mesmo Maputo capaz de albergar tais construções, que vão aos poucos barrando a entrada do oxigénio para os habitantes do interior da cidade.

De tão próspera que é, Maputo é a única cidade do país onde podem ser localizadas todas as infra-estruturas como Ministérios, Procuradorias, campos nacionais, etc. como se houvesse algum mal em erguê-las em Marracuene, Gaza, Cabo Delgado, Zambézia, afinal também fazem parte de Moçambique. Isto não é exclusão, é prosperidade?

A prosperidade desta cidade se estende também para a crise de transporte que nem com a actuação de MY LOVE’s (aquelas carrinhas de caixas abertas, sem segurança) consentida pelo governo, reduz o nível de sofrimento dos munícipes. Os TPM também fazem de tudo para manter esta prosperidade, mas, e é por isso que têm dezenas senão centenas de seus autocarros avariados e estacionados nos parques.

É também pela prosperidade de Maputo que os munícipes aguardam com muito ânsia pelo METRO DE SUPERFÍCIE prometido pelo edil David Simango aquando da sua caça ao voto. Aqui não é necessário falar do problema das vias de acesso, das estradas esburacadas, isso mancharia a prosperidade que se vive neste município.

Cidade Bela e Limpa
A cidade de Maputo detém uma beleza extraordinária, embora não facilmente detectável ao olho nú. Com muita atenção pode-se notar que de tão bela e limpa que é, as valas de drenagem estão todas entupidas, mas isto não é problema de saneamento. Pode-se notar também a ocupação total e completa de passeios por vendedores ambulantes, que fazem com que os peões e os carros disputem a estrada. O lixo nas ruas da cidade também é notável.

A convivência com o lixo dos residentes (sujeitos a todo o tipo de doenças) que vivem em volta da lixeira de Hulene e que se tornou o monte mais alto da cidade, também serve de enfeite e aumenta o nível de beleza desta cidade. Porém, transferir esta lixeira para Matlhemele como vem se prometendo desde 2007 só não está a ser possível para salvaguardar a beleza que tanto se ostenta no município de Maputo. Com o Xonga Maputo, o município pretende criar um arco-íris na cidade como forma de embelezá-la mais. Pode-se ver na mesma zona um prédio pintado e o outro a seguir permanece com a cor que o colono deixou, assim vai a cidade.

A crise de parqueamento na cidade, o lixo nas praias, entre outros, são num outro ângulo de visão, indícios de beleza. A cidade de Maputo só é bela quando olhamos para lugares como a Avenida 25 de Setembro, 24 de Julho, Sommerschield, Marginal, 10 de Novembro, Eduardo Mondlane, Coop, … etc, mas, por outro lado, temos onde a água e energia não chegam com regularidade e a construção é desordenada, chamam-na assim de bela.

Nesta cidade é possível notar a qualquer hora do dia, munícipes jogando lixo no chão e urinando em qualquer canto, mas, quando olhamos para as zonas “nobres” da capital do país é frequente nos depararmos com as vias limpas devido a forte presença do serviço de recolha dos resíduos sólidos nas ruas e contentores distribuídos pelas avenidas lá existentes. Mas, quando olhamos para os outros cantos da cidade de Maputo a realidade vem contrastar por completo com a observada nas zonas “nobres”.

Cidade segura e solidária

Já houve tempos em que a patrulha policial nocturna era dominante nos vários bairros considerados perigosos e não só, com vista a garantir a segurança e tranquilidade dos munícipes. De um tempo para cá só se vê patrulhas nas vias públicas com vista a extorquir cidadãos/automobilistas que se encontrem a conduzir com falta de alguma documentação ou sob efeito de álcool.

A criminalidade em Maputo aumentou consideravelmente e tornou se ainda mais sofisticada, desafiando assim a polícia a encontrar mecanismos de se sobrepor a ela. Em casa, no local de trabalho, na rua ou em qualquer outro lugar é possível ver uma cena de crime acontecendo a luz do dia e terminando com o criminoso saindo impune.

Verdadeiramente a cidade de Maputo é onde mora a (in)segurança, não restam dúvidas:
•       Sequestros e assassinatos a luz do dia;
•       Assaltos a mão armada, à catanadas, facadas, etc;
•       Corrupção;
•       Abuso de poder;
•       Morte de inocentes; balas perdidas da polícia; etc

ONDE SE SITUAM OS PRÓPRIOS MUNÍCIPES DIANTE DESTES PROBLEMAS TODOS?

O acto de urinar constitui umas das necessidades do nosso corpo, dada importância deste acto já há muito reclama-se para a implementação de “casas de banho” ao longo da cidade pois, o cheiro nauseabundo de urina já era característico da nossa cidade, e nem as nossas acácias, (características desta cidade) escapavam a esse líquido capaz de destruir até um embondeiro. Pois bem, de uns tempos para cá é possível ver esses balneários públicos espalhados sobre tudo na baixa da cidade, assim como bem ao lado destes é também possível ver urina escorrendo até as bermas da estrada.

Se calhar é momento de olharmos para os nossos actos, e reflectirmos no sentido de perceber se não estamos a contribuir para a degradação da nossa cidade. Afirmamos isso pois cremos que há coisas que não temos como cobrar da entidade gestora desta cidade. Vamos cobrar do município que recolha o lixo nos contentores que estão sempre lotados, que se garanta a nossa segurança, mas sobre tudo vamos mudar de comportamento no que diz respeito às nossas práticas para ajudar no progresso desta cidade de Maputo.

Enfim, …SEMPRE FESTEJAMOS, NUNCA REFLECTIMOS.
Maputo, uma cidade próspera, bela, limpa, segura e solidária.

Por: Hercília Carlos, Nélio Francisco e Victor Jeckson