Um olhar a campanha eleitoral não anunciada em Moçambique

A campanha eleitoral é o período em que os partidos e seus candidatos se apresentam para a população em busca de votos. Em Moçambique, tal como em todo mundo, a campanha eleitoral é um dos momentos mais importantes dentro de um processo de luta para a conquista do poder.

Existem diversas formas de exercer essa campanha, os veículos que apresentam campanha eleitoral tradicionalmente são: Televisão, rádio, jornais e revistas (impressos) entre outros meios. Este ano o país vai acolher as quintas eleições presidenciais, e vários partidos já fizeram a sua inscrição, e destes, quatro partidos concorrem com os seus candidatos para o posto de presidente da República.

Segundo a lei n.° 8/2013 de 27 de Fevereiro republicada pela lei 11/2014 de 23 de Abril, no seu artigo 18 refere que a campanha eleitoral tem início quarenta dias antes da data das eleições e termina quarenta e oito horas antes do dia da votação. As eleições gerais foram marcadas para  o dia 15 de Outubro através do decreto Presidencial n.º 3/2013 de 2 de Agosto, adicionalmente nos termos do Calendário do Sufrágio Eleitoral de 15 de Outubro de 2014, aprovado pela Deliberação n.º 55/CNE/2013, de 9 de Outubro.

Pode-se notar claramente que dos quatro candidatos, nomeadamente Filipe Nyusi, Daviz Simango, Raúl Domingos e Afonso Dhlakama, os dois primeiros estão já em “campanha eleitoral” rumo a popularização de suas imagens e projectos de governação com vista a se baterem melhor no dia 15 de Outubro, embora estes não assumam esse facto. A aparição pública de um candidato representa uma mais-valia e confiança do seu eleitorado, uma vez que nosso país a imagem de um candidato vale mais que o seu próprio manifesto eleitoral. Um elemento preocupante a ter em conta nessa campanha eleitoral não anunciada e actualmente em vigor, é o uso dos bens do Estado e dos principais órgãos de comunicação social do Estado em benefício particular.

Todo candidato tem direito a uma boa campanha, precisa dialogar efectivamente com o eleitorado e dentro da comunicação política pode-se referir que existem as campanhas non stop que não se exercem dentro do tipo normal de campanha, mas sim de forma continuada fora de épocas eleitorais. Os candidatos já se desdobram em criar gabinetes eleitorais, visitam lugares sociais e religiosos como forma de angariar simpatias. A principal característica da campanha moderna é o planeamento estratégico que inicia com a fase da “pré-campanha” que não é mais um luxo, mas sim uma questão de sobrevivência para quem pretende permanecer na política. Se os candidatos pretendem conquistar corações e mentes, não devem fazer isso durante apenas os meses da campanha propriamente dita.

Numa eleição pode-se comprar tudo, menos o tempo. Cada hora, dia, semana e mês que se passam, não voltam mais. E se a campanha propriamente dita não tiver seu alicerce numa pré-campanha, esse desperdício de tempo será ainda maior. Entrar numa campanha sem um levantamento de dados e informações prévias é um risco que leva à derrota e um dos elementos adicionais a estes elementos é o uso das tecnologias como Facebook para realizar essas pré-campanhas.

Que ganhe quem mais votos limpos tiver e que a violência eleitoral não ameace nem a campanha propriamente dita e muito menos as eleições, porque precisamos de “Violência Eleitoral-Zero”.