Aprender com Portugal: Eleições 2016

Portugal vai a eleições presidenciais já no dia 24 de Janeiro e tenho acompanhado com alguma atenção o processo na terra de Camões. Antes, devo deixar claro que não se trata de querer fazer uma comparação directa entre Portugal e Moçambique, visto que estamos a falar de dois sistemas de governo diferentes, o presidencialista e semi-presidencialista.

Porém, há um aspecto interessante sobre a forma como os portugueses olham para os partidos políticos, em particular para o Partido Socialista (PS). O que sucede é para este partido concorrem dois candidatos que lutam pelo mesmo eleitorado, são eles Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa.

O que mais me chamou atenção é que o Secretário-geral do mesmo partido, António Costa, pediu apoio para ambos, enquanto que o Presidente do partido apoia o Sampaio da Nóvoa e o Presidente honorário apoia Maria de Belém.
Aliado a isso, vemos em Portugal o debate entre os candidatos como uma prática normal, pois, os candidatos sabem o que querem e defendem-no em público. E mais, assistimos processos que não precisam levar mais de 24 horas para se saber do vencedor.

Onde quero chegar com isso?
Sempre que temos eleições nessa pátria amada (Moçambique) vivem-se momentos de tensão que surgem dentro dos próprios partidos onde a escolha de candidatos para eleições sempre foi um calcanhar de aquiles, com destaque para as eleições gerais de 15 de Outubro de 2014 em Moçambique. Se por um lado temos divergências internas, por outro temos partidos que nunca mudam seus candidatos e sempre são os mesmos a concorrer ou ainda resultados eleitorais (definitivos) que são conhecidos passado um mês.
Adicionalmente encontramos regimes autoritários que se perpetuam no poder pela alteração de Constituições da República para alargar os mandatos, bem como presidentes que estão no poder desde a independência dos seus países.
Este cenário não é só típico de Moçambique, mas sim de quase toda a África onde o poder e ganância são dois lados da mesma moeda. Aqui os partidos políticos para além de lutar – conquistar e manter o poder, fazem-no para preencher o ego pessoal em detrimento do colectivo. É preciso aprender com países como Portugal que fazem dos processos eleitorais um verdadeiro momento de consolidar a democracia, embora não haja aqui critérios temporais de fácil e justa comparação.